Friday, June 18, 2010

José Saramago (1922 - 2010)

Intimidade

No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.

O mundo acabou para si, mas ele não acabou para o mundo. A sua obra estará viva na mente daqueles que o leram e lerão. Foi o escritor dos prémios, do reconhecimento intelectual, da quebra das convenções, mas sobretudo, foi o escritor dos pormenores escondidos, das pessoas todas, da oralidade e do olhar atento. 

Deixa muitas saudades a todos os que como eu admiram muito a sua escrita e a sua forma de estar na vida.


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